O cenário político atual do Brasil tem se tornado cada vez mais polarizado, especialmente quando se trata da relação entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o eleitorado católico. Um recente levantamento realizado pelo Datafolha revelou uma queda significativa na aprovação do presidente entre os católicos, que passou de 42% para 28% desde o início de seu mandato. Esse enfraquecimento da base católica tem gerado preocupações no Palácio do Planalto, que tenta reverter esse quadro em meio a um ambiente cada vez mais tenso e disputado.
Essa diminuição no apoio de Lula se intensifica à medida que ele enfrenta ataques de grupos ligados à direita, especialmente de ex-aliados e figuras políticas do bolsonarismo. O ex-presidente Jair Bolsonaro, por exemplo, tem se aliado a líderes religiosos conservadores, como Frei Gilson, da Congregação Carmelitas Mensageiros do Espírito Santo, para ampliar sua base de apoio entre os católicos. Essa movimentação da direita busca ampliar seu espaço no eleitorado religioso, com um discurso que, muitas vezes, é contrário aos valores defendidos pelo governo atual.
O impacto das redes sociais nesse contexto não pode ser subestimado. Figuras como o padre Chrystian Shankar e o deputado Nikolas Ferreira têm se posicionado contra o governo de Lula, aproveitando o poder das plataformas digitais para reforçar suas mensagens contra o atual governo. A crescente influência dos padres conservadores, como o padre Paulo Ricardo, nas redes sociais tem sido um dos principais fatores responsáveis por essa polarização religiosa, gerando uma maior distância entre o governo e os católicos mais tradicionais.
Além disso, a relação da Igreja Católica com o governo Lula se tornou ainda mais conturbada devido a episódios polêmicos envolvendo a Igreja e sua postura em questões como o aborto. Especialistas afirmam que, para reconquistar a confiança dos católicos, o presidente precisa alinhar suas políticas com os valores fundamentais da Igreja. Para isso, não basta realizar gestos simbólicos como rezar um Pai Nosso em público, mas adotar medidas mais concretas que atendam às expectativas desse eleitorado.
O movimento bolsonarista tem utilizado amplamente a polarização religiosa como uma ferramenta de mobilização. A estratégia de se aliar a líderes católicos conservadores, ao mesmo tempo em que critica o governo de Lula, tem sido eficaz em aumentar a base de apoio entre os católicos mais conservadores. Isso cria uma oposição explícita entre os grupos religiosos, dificultando a reconciliação e o entendimento entre diferentes setores da sociedade.
Lula, por sua vez, tem tentado reverter essa perda de apoio de várias maneiras, incluindo a realização de encontros com figuras religiosas, como o ex-arcebispo de Natal, Dom Jaime Viera Rocha. No entanto, especialistas acreditam que o presidente precisa agir de forma mais decisiva para recuperar a confiança da Igreja, adotando políticas públicas que atendam às preocupações dos católicos, especialmente em questões sociais e morais.
A polarização política e religiosa tem gerado divisões dentro da Igreja Católica, o que aumenta ainda mais a dificuldade para o presidente Lula. Em 2022, investigações sobre a tentativa de impedir a posse de Lula envolveram padres, o que gerou atritos com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Essas tensões entre diferentes setores da Igreja Católica refletem a crescente polarização no Brasil, que tem se refletido em diversas áreas da sociedade, incluindo a política.
O principal desafio para Lula neste cenário é superar a imagem de que seu governo favorece pautas que são rejeitadas por setores conservadores, como o aborto. Para reconquistar a confiança dos católicos, será necessário que o presidente se comprometa com políticas mais alinhadas aos valores da Igreja Católica, especialmente em temas sensíveis para esse público. A recuperação da relação com os católicos será, sem dúvida, um dos maiores desafios do governo Lula nos próximos meses.
Autor: Davis Wilson
Fonte: Assessoria de Comunicação da Saftec Digital