Política

A Unidade dos Católicos em Meio à Pluralidade Política

Nos períodos eleitorais, a polarização política frequentemente invade a vida da Igreja, gerando divisões entre os fiéis. A questão central é como conciliar o desejo de unidade entre os cristãos com o respeito à liberdade política dos leigos. Este é o tema abordado no Caderno Fé e Cidadania do Jornal O São Paulo.

A Doutrina Social da Igreja oferece princípios que orientam a participação política dos católicos, mas não se alinha completamente a nenhuma corrente política específica. O Compêndio da Doutrina Social da Igreja (CDSI) alerta que tentar fazer isso pode gerar equívocos perigosos. Assim, é natural que os católicos se distribuam por diferentes partidos, o que lança dois desafios: manter a unidade cristã e respeitar a pluralidade política.

Dom Rogério Augusto das Neves, Bispo Auxiliar de São Paulo, destaca que a Igreja não deve tomar para si a batalha política, mas também não pode ficar à margem. A Igreja deve participar da luta pela justiça através da argumentação racional e do despertar das forças espirituais, conforme ensina Bento XVI em “Deus caritas est”.

A prática de indicar candidatos e partidos, comum no passado, não é mais recomendada. Em vez disso, Rocco Butiglione, professor de filosofia política, enfatiza a importância de uma prática política orientada pela caridade social. Isso permite que os católicos se reconheçam mutuamente e encontrem caminhos compartilhados para o diálogo e a justiça social, independentemente das suas afiliações partidárias.

A dinâmica política atual, marcada por raiva e ressentimento, muitas vezes explora emoções e distorce princípios cristãos para atrair seguidores. Isso fratura a unidade eclesial. As lideranças comunitárias devem estar preparadas para orientar e acolher tanto os que compartilham suas opiniões quanto os que pensam de maneira diferente.

A edição do Caderno Fé e Cidadania busca ajudar os católicos a caminhar em unidade e fidelidade aos princípios da Doutrina Social da Igreja. O objetivo é que as próximas eleições sejam uma oportunidade de encontro e diálogo, e não de divisão.

A unidade entre os cristãos é um dom do Espírito Santo, mas também uma tarefa de todos os fiéis. A política, com suas divisões e debates, não deve ser um campo de batalha que afasta os cristãos uns dos outros, mas um espaço onde a caridade e a justiça prevaleçam.

Por fim, a Igreja deve continuar a educar seus fiéis sobre a importância de participar da vida pública de maneira consciente e responsável, sempre guiados pelos princípios da Doutrina Social da Igreja. Assim, a unidade cristã pode ser mantida mesmo em meio à diversidade política.

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