De acordo com Ricardo Chimirri Candia, ex-prefeito de Corumbá, a administração pública é o eixo central da organização estatal, responsável por implementar políticas, prestar serviços e conduzir ações que impactam diretamente a vida da população. Compreender os princípios, os modelos e a trajetória histórica da gestão pública no Brasil é essencial para aprimorar práticas e promover uma governança mais eficiente, transparente e orientada para resultados.
Ao longo do tempo, a administração pública brasileira passou por diferentes fases e reformas que moldaram suas estruturas e métodos. Do modelo patrimonialista à gestão orientada por resultados, a evolução do setor público reflete mudanças políticas, sociais e econômicas do país. Leia mais sobre o tópico a seguir:
Princípios fundamentais da gestão pública
A Constituição Federal de 1988 consagrou cinco princípios que regem a atuação da administração pública: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Esses pilares servem como norte para todas as ações governamentais e garantem que o exercício do poder público ocorra com responsabilidade e respeito aos direitos dos cidadãos. Segundo Ricardo Chimirri Candia, adotar esses princípios de forma prática e cotidiana é o que separa uma gestão burocrática de uma gestão de excelência.

A legalidade assegura que os atos administrativos estejam dentro dos limites da lei; a impessoalidade evita favorecimentos e garante igualdade de tratamento; a moralidade exige ética nas decisões públicas; a publicidade garante o acesso à informação e o controle social; e a eficiência exige que os recursos sejam utilizados de forma racional, maximizando os resultados. Esses princípios, quando efetivamente observados, fortalecem a confiança da sociedade nas instituições e ampliam a legitimidade das políticas públicas.
Modelos de administração pública: da burocracia à gestão gerencial
Historicamente, o Brasil seguiu modelos internacionais na organização do setor público. Inicialmente, predominou o modelo patrimonialista, marcado pela confusão entre o público e o privado. Nele, cargos e funções eram distribuídos por favoritismo, e o serviço público servia aos interesses das elites. Com o avanço da República, surgiu o modelo burocrático, inspirado nos princípios de Max Weber, que buscava racionalidade, impessoalidade e meritocracia.
A partir da década de 1990, com a Reforma do Estado, adotou-se o modelo gerencial, voltado para resultados, eficiência e controle de desempenho. Como aponta o engenheiro Ricardo Chimirri Candia, essa evolução permitiu o surgimento de ferramentas modernas de gestão pública, como planejamento estratégico, contratos de gestão, indicadores de desempenho e avaliação de políticas públicas. O modelo gerencial não elimina a burocracia, mas a coloca a serviço do cidadão.
Caminhos para o futuro: inovação, capacitação e participação social
O futuro da gestão pública no Brasil passa pela valorização do servidor, pelo investimento em tecnologia e pela ampliação dos mecanismos de participação cidadã. A digitalização dos serviços, por exemplo, tem potencial para tornar o Estado mais acessível, reduzir custos operacionais e combater a corrupção. Contudo, como ressalta Ricardo Chimirri Candia, é preciso ir além da tecnologia: é necessário capacitar os gestores para que saibam planejar, liderar equipes, avaliar políticas e tomar decisões baseadas em evidências.
Além disso, a escuta ativa da sociedade e o fortalecimento dos canais de controle social são estratégias essenciais para legitimar as ações do poder público. A gestão pública do século XXI deve ser colaborativa, transparente e inclusiva. Criar estruturas de governança que envolvam conselhos, audiências públicas e plataformas de participação contribui para alinhar as decisões governamentais aos interesses reais da população, promovendo justiça social e desenvolvimento sustentável.
Por fim, a gestão pública é uma arte que exige conhecimento técnico, sensibilidade política e compromisso ético. Compreender os princípios que regem a administração, os modelos que moldaram sua estrutura e os desafios históricos do setor é fundamental para construir um Estado mais eficiente e voltado para o bem-estar coletivo. Para Ricardo Chimirri Candia, a qualidade da governança pública define os rumos de um país — e só é possível avançar com planejamento, inovação e foco em resultados concretos.
Autor: Davis Wilson