Concreto verde: conheça as inovações que cortam as emissões de CO₂ do cimento

By Davis Wilson
6 Min Read
Paulo Twiaschor explica que o concreto verde reduz as emissões de CO₂ com novas tecnologias e materiais mais sustentáveis.

O concreto verde desponta como solução estratégica para mitigar o impacto climático da construção civil, como destaca o entendedor de engenharia Paulo Twiaschor. Uma vez que o segredo está em tecnologias que atacam o maior responsável pelas emissões: o clínquer. Pensando nisso, ao longo deste artigo, você vai descobrir como adições minerais, captura de carbono e inteligência artificial estão transformando o setor.

Por que o concreto tradicional ameaça o clima?

Segundo Paulo Twiaschor, o cimento Portland responde por cerca de 7 a 8% das emissões globais de gases de efeito estufa, superando até o setor aéreo. Pois, o óxido de cálcio liberado durante a calcinação do calcário e o intenso consumo de combustíveis fósseis nos fornos elevam a pegada de carbono da construção civil.

Inovações no concreto verde já permitem construções com menor impacto ambiental, afirma Paulo Twiaschor.
Inovações no concreto verde já permitem construções com menor impacto ambiental, afirma Paulo Twiaschor.

Isto posto, a demanda crescente por infraestrutura no Sul Global amplia a urgência por soluções de baixo carbono. Cada tonelada de clínquer gera até 0,9 tonelada de CO₂, mas substituir parte desse insumo por materiais alternativos pode reduzir drasticamente as emissões sem comprometer a resistência.

Além disso, políticas públicas e metas de net zero de grandes construtoras vêm criando um ambiente propício à inovação. Desse modo, esse cenário estimula pesquisas sobre combustíveis alternativos, design otimizado e até estruturas híbridas de madeira, reduzindo a dependência do concreto tradicional, de acordo com o conhecedor Paulo Twiaschor.

Quais adições reduzem as emissões do cimento?

Ao falar em concreto verde, pensar em adições minerais é indispensável. Já que elas diminuem o teor de clínquer, aumentam a durabilidade e até melhoram o desempenho mecânico a longo prazo. Em seguida, confira algumas delas:

  • Escória de alto-forno: subproduto da siderurgia que substitui até 60% do clínquer, reduzindo as emissões e aumentando a resistência a sulfatos.
  • Cinza volante: proveniente de termelétricas a carvão, melhora a trabalhabilidade e prolonga a vida útil do concreto.
  • Sílica ativa: gera microestrutura mais densa, reduzindo a permeabilidade e elevando a resistência inicial.
  • Calcined clay (LC3): combinação de argila calcinada e calcário que corta o CO₂ em até 40 % e já escala em países como Colômbia e Índia.
  • Cinza de casca de arroz: alternativa abundante em regiões agrícolas, eleva a resistência química e agrega valor a resíduos agroindustriais.

Dessa forma, a sinergia entre diferentes adições permite fórmulas personalizadas que atendem a requisitos estruturais específicos, mantendo custos competitivos e baixa pegada de carbono.

Como a captura de CO₂ durante a cura torna o concreto mais limpo

Outra frente decisiva é a captura de CO₂ no próprio concreto fresco, conforme frisa Paulo Twiaschor. Tecnologias como as da CarbonCure injetam dióxido de carbono capturado nos caminhões-betoneira; o gás reage formando carbonatos estáveis, reduzindo o uso de cimento sem alterar o desempenho mecânico.

Esse processo oferece dupla vantagem: utiliza CO₂ que seria lançado na atmosfera e diminui o teor de clínquer em até 5%, gerando créditos de carbono rastreáveis. Inclusive, além da injeção direta, há pesquisas em cura acelerada com CO₂ em ambientes pressurizados e na produção de agregados a partir de resíduos carbonatados, todos convergindo para o mesmo objetivo de capturar e fixar carbono de maneira permanente.

Inteligência artificial e impressão 3D antecipam a próxima geração de concreto verde

Softwares de inteligência artificial já otimizam dosagens, simulando milhares de combinações de adições, água e aditivos em segundos. Isso reduz desperdícios de matéria-prima e identifica misturas com a menor pegada possível. Aliás, esses algoritmos economizam até 10% de cimento por metro cúbico sem sacrificar resistência ou trabalhabilidade.

Paralelamente, a impressão 3D aplicada à construção permite designs complexos com menos material, dispensando formas de madeira e acelerando prazos, de acordo com o entendedor de engenharia Paulo Twiaschor. Aliás, a deposição controlada camada a camada usa concreto verde de alta reologia, minimizando o volume necessário e integrando reforços apenas onde a estrutura exige.

O concreto verde guiando o futuro das obras

Em última análise, o concreto verde não é mais um conceito distante, mas realidade em expansão apoiada por adições minerais, captura de carbono e ferramentas digitais de otimização. No final, ao adotar essas inovações, o setor reduz custos operacionais, cumpre metas climáticas e entrega obras mais duráveis. Inclusive, a tendência é clara: quem incorporar práticas de baixo carbono agora estará preparado para regulamentações futuras e para clientes cada vez mais atentos à sustentabilidade.

Autor: Davis Wilson

Share This Article
Leave a comment