O concreto verde desponta como solução estratégica para mitigar o impacto climático da construção civil, como destaca o entendedor de engenharia Paulo Twiaschor. Uma vez que o segredo está em tecnologias que atacam o maior responsável pelas emissões: o clínquer. Pensando nisso, ao longo deste artigo, você vai descobrir como adições minerais, captura de carbono e inteligência artificial estão transformando o setor.
Por que o concreto tradicional ameaça o clima?
Segundo Paulo Twiaschor, o cimento Portland responde por cerca de 7 a 8% das emissões globais de gases de efeito estufa, superando até o setor aéreo. Pois, o óxido de cálcio liberado durante a calcinação do calcário e o intenso consumo de combustíveis fósseis nos fornos elevam a pegada de carbono da construção civil.

Isto posto, a demanda crescente por infraestrutura no Sul Global amplia a urgência por soluções de baixo carbono. Cada tonelada de clínquer gera até 0,9 tonelada de CO₂, mas substituir parte desse insumo por materiais alternativos pode reduzir drasticamente as emissões sem comprometer a resistência.
Além disso, políticas públicas e metas de net zero de grandes construtoras vêm criando um ambiente propício à inovação. Desse modo, esse cenário estimula pesquisas sobre combustíveis alternativos, design otimizado e até estruturas híbridas de madeira, reduzindo a dependência do concreto tradicional, de acordo com o conhecedor Paulo Twiaschor.
Quais adições reduzem as emissões do cimento?
Ao falar em concreto verde, pensar em adições minerais é indispensável. Já que elas diminuem o teor de clínquer, aumentam a durabilidade e até melhoram o desempenho mecânico a longo prazo. Em seguida, confira algumas delas:
- Escória de alto-forno: subproduto da siderurgia que substitui até 60% do clínquer, reduzindo as emissões e aumentando a resistência a sulfatos.
- Cinza volante: proveniente de termelétricas a carvão, melhora a trabalhabilidade e prolonga a vida útil do concreto.
- Sílica ativa: gera microestrutura mais densa, reduzindo a permeabilidade e elevando a resistência inicial.
- Calcined clay (LC3): combinação de argila calcinada e calcário que corta o CO₂ em até 40 % e já escala em países como Colômbia e Índia.
- Cinza de casca de arroz: alternativa abundante em regiões agrícolas, eleva a resistência química e agrega valor a resíduos agroindustriais.
Dessa forma, a sinergia entre diferentes adições permite fórmulas personalizadas que atendem a requisitos estruturais específicos, mantendo custos competitivos e baixa pegada de carbono.
Como a captura de CO₂ durante a cura torna o concreto mais limpo
Outra frente decisiva é a captura de CO₂ no próprio concreto fresco, conforme frisa Paulo Twiaschor. Tecnologias como as da CarbonCure injetam dióxido de carbono capturado nos caminhões-betoneira; o gás reage formando carbonatos estáveis, reduzindo o uso de cimento sem alterar o desempenho mecânico.
Esse processo oferece dupla vantagem: utiliza CO₂ que seria lançado na atmosfera e diminui o teor de clínquer em até 5%, gerando créditos de carbono rastreáveis. Inclusive, além da injeção direta, há pesquisas em cura acelerada com CO₂ em ambientes pressurizados e na produção de agregados a partir de resíduos carbonatados, todos convergindo para o mesmo objetivo de capturar e fixar carbono de maneira permanente.
Inteligência artificial e impressão 3D antecipam a próxima geração de concreto verde
Softwares de inteligência artificial já otimizam dosagens, simulando milhares de combinações de adições, água e aditivos em segundos. Isso reduz desperdícios de matéria-prima e identifica misturas com a menor pegada possível. Aliás, esses algoritmos economizam até 10% de cimento por metro cúbico sem sacrificar resistência ou trabalhabilidade.
Paralelamente, a impressão 3D aplicada à construção permite designs complexos com menos material, dispensando formas de madeira e acelerando prazos, de acordo com o entendedor de engenharia Paulo Twiaschor. Aliás, a deposição controlada camada a camada usa concreto verde de alta reologia, minimizando o volume necessário e integrando reforços apenas onde a estrutura exige.
O concreto verde guiando o futuro das obras
Em última análise, o concreto verde não é mais um conceito distante, mas realidade em expansão apoiada por adições minerais, captura de carbono e ferramentas digitais de otimização. No final, ao adotar essas inovações, o setor reduz custos operacionais, cumpre metas climáticas e entrega obras mais duráveis. Inclusive, a tendência é clara: quem incorporar práticas de baixo carbono agora estará preparado para regulamentações futuras e para clientes cada vez mais atentos à sustentabilidade.
Autor: Davis Wilson